Estará a indústria dos últimos anos ameaçada?
Quando era jovem lembro-me de gostar de ter menos mas bom em vez de muito e de menor qualidade.
Contudo, de repente lembro-me de haver uma explosão de lojas que até então eram por mim desconhecidas.
Foi durante a adolescência que nomes como Pull&Bear, Bershka, Stradivarius e a sua casa mãe que já por mim era conhecida há vários anos, ainda das viagens em família a Espanha, se tornaram nos nomes e desejo do momento meu e de vários jovens e mães que se deixaram arrastar pelo fenómeno.
Para trás, ficaram conselhos de sábios que sabiam que aquilo eram só mais umas peças que queria para encher o guarda roupa e porquê? Porque toda a malta tinha. Porque aquelas calças cargo que se compravam na pull faziam um sucesso na escola, porque eram trendy as calças rasgadas e os casacos de algodão tipo sweatshirt que nos faziam bater o dente em pleno inverno, no entanto, era o visual mais desejado por todos os putos da escola.
A ideia destas marcas sempre foi impressionar, fazer sentir-nos em casa.
Através das músicas altas que nos faziam lembrar verdadeiras festas de sexta à noite, pelo lado descontraído com que nos expunha os artigos e mais que isso pela etiqueta que dava para comprar não uma mas várias peças, em prol de outras marcas que até então os nossos pais nos ofereciam.
Quem não se lembra das filas intermináveis nas caixas da Bershka, em que a miúdas quase se pegavam por um par de Jeans Claros Pata de Elefante que tinham que ter para usar com os seus Ked´s compensados ou os também do momento BW.
Com o passar dos anos somaram-se tendências, sempre assim: chamativas, compulsivas, desejáveis que nos faziam querer um cartão recheado para as adquirir.
Porém foi provavelmente durante a última década que estas cadeias assumiram o seu esplendor máximo.
A Zara, a Mango, a H&M e todas as suas outras conterrâneas tornaram-se no espelho das ruas das principais semanas de moda, se aparecia era e é lançado.
As It Girls, corriam e compravam, mais, mais e mais até à exaustão.
Só que nos últimos anos há algumas coisas que têm mudado.
Ouvimos falar de armários cápsula, ouvimos cada vez mais falar em básicos, assistimos cada vez mais ao fenómeno de no principal portal de tendências da actualidade, o instagram, as influencers vestirem peças de qualidade ou vintage em prol destas marcas e percebemos que o regresso do minimalismo mudou alguns conceitos até então imortalizados.
Hoje, vemos cada vez mais peças de boas lojas conjugadas com acessórios de qualidade, como uma Louis Vuitton, uma Chanel ou uma mala herdada pela avó, conjugadas com peças clássicas, com bom corte, com bons materiais e que possamos usar durante várias estações.
Estes mesmos grandes grupos, viram-se obrigados a construir dentro das colecções peças de qualidade premium que até então eram descartadas.
Não estou com isto a dizer que deixei de comprar nestas lojas, nem tão pouco que deixei de gostar delas, porém é óbvio que há algumas coisas que parecem querer mudar e que a passos largos possam haver objectivos que terão que ser repensados.
O conceito de Fast Fashion, poderá ter que se readaptar à realidade actual, que parece estar a transformar-se.
A máxima menos é mais nunca fez tanto sentido como neste momento.
M.V.
